Twisted City Lights

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Oliver Twist segundo Roman Polanksi

Categoria: Cinema

OLIVER TWIST (2005) Classificação: 7/10
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IMDb

Nunca li o Oliver Twist, nem tão pouco nenhum romance de Charles Dikens, mas conheço razoávelmente a história. Quem nunca ouviu falar do pequeno rapaz Oliver, vagueando pelas ruas da Londres de meados do século XIX? Existem 25 versões da adaptação do livro para cinema. Será esta apenas mais uma? Só me recordo de ter visto uma das antigas versões, mas creio que este filme não se trata de um acrescento a essa lista.
O realizador é nada mais nada menos que o grande senhor Roman Polanski, autor de um dos meus filmes preferidos: O Pianista. Se esperam ver um filme com uma história para crianças, esqueçam. A ideia que eu tinha do livro, e do que este representava, está bem conseguida no filme. Oliver Twist é pois um retrato da época, das desiguladades e dificuldades das pessoas de um país na Revolução Industrial. O filme é todo ele muito sombrio, o que me surprendeu. Mas não tinha desculpa. Afinal, trata-se de Polanski, e para quem viu O Pianista sabe do que estou a falar.
Este filme ganha pontos, portanto por conseguir transpor o espírito dolivro e por caracterizar com rigor a sociedade da época. Costumes, vestes, mentalidades e modos de vida, nada é deixado ao caso. Claro que muitos desses sinais, são apenas transposições do livro, só que há outros em que há que dar credito ao filme. Os cenários estão excelentes. Uma das melhores cenas é a chegada de Oliver Twist a Londres: uma cidade pesada, opressiva, com ruas cheias de gente onde cada um tem de tomar conta de si próprio. Os sons, as imagens, as pessoas... o espectador parece ser transportado no espaço e no tempo! Outra cena para recordar é aquela em que Oliver pede mais um prato de comida. O tutor com aquela pronúncia exageradamente inglesa e num tom de extrema surpresa: "He asked for mooore?!". É de por um discreto sorriso nos lábios.
Despois há as personagens. Para além do simpático Oliver Twist que inspira compaixão até ao mais duro e frio dos espectadores, há que fazer referência a Fagin (interpretado por Ben Kinglsey), o vellho avarento líder de um grupo de crianças carteiristas. A caracterização deste não poderia ser nelhor. Ninguém reconheceria en Kinglsey!
Por último, referência à banda sonora, que aponta para registos clássicos, mas adequeada. O tema principal fica no ouvido e penso que facilmente podemos identifica-lo com este filme.
Oliver Twist acaba por ser uma boa adaptação do clássico original. Sombrio, onde se misturam tristezas e alegrias, mas que acaba por não ser muito pesado. Afinal, é assim mesmo Oliver Twist.