Twisted City Lights

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Oldboy

Categoria: Cinema, Filmes


OLDBOY (2005) Classificação: 8/10
Site Oficial
IMDb

Oldboy – Velho Amigo (mais uma vez a incapacidade dos tradutores portugueses de se conterem a adicionar algo ao título) é um filme sul-coreano de 2003 realizado por Chan-wook Park, mas que só chegou a Portugal (julgo) no ano passado. Vi-o há puco tempo com alguma curiosidade, seguindo a sugestão da minha amiga Inês, que para além de o aconselhar fez questão de mo emprestar (thanks:P). Trata-se de um filme pouco convencional, o 2º filme de Park de uma trilogia sobre a vingança.
Vamos primeiro a uma pequena sinopse. Um homem de meia-idade, Dae-su Oh é, sem mais nem menos, raptado e mantido cativo num estranho quarto durante longos 15 anos. Após todo esse tempo de cárcere, é libertado, e é-lhe dado um fato e um telemóvel. Oh Dae-su parte então à procura da causa porque foi preso e mantido naquele quarto por tanto tempo, pensando já na sua terrível vingança, ao mesmo tempo que procura o paradeiro sua filha perdida no tempo.
Depois… o resto só vendo, porque as palavras podem fazer pouco para descrever este filme. Como disse, este é um filme pouco convencional, em que o seu melhor trunfo talvez seja a originalidade. Primeiro, a história, adaptada de uma banda desenhada de manga, é singular. O mote para a acção é cativante. Todos queremos saber porque foi Oh Dae-su mantido cativo por tanto tempo. Por outro lado, o filme consegue criar facilmente ligações emocionais com quem está a ver o filme. O espectador partilha espontaneamente das emoções e sentimentos das personagens, principalmente da personagem principal. Oldboy é um filme extremamente intenso e dramático, e ainda com alguma carga trágica. Este último aspecto é evidente perto do final do filme, quando a derradeira revelação é feita. De facto em termos de história, após o choque da primeira parte, o desenrolar do filme não traz nada de novo, existindo por isso um certo vazio. No entanto, a recta final acaba por preencher esse espaço, e de que maneira! O final é surpreendente e arrebatador, deixando o espectador siderado e comovido, dado à intensidade das cenas, que se sempre foram grandes durante todo o filme, atingem nesta parte do filme uma grande dimensão. Por outro lado, o espectador pode ficar de certa maneira desapontado, como eu, no caso de estar à espera de outro género de revelação e final. Mas isso são promenores.
Do ponto de vista puramente cinematográfico o filme é notável! As cenas e o ambiente conseguido, envolvem com facilidade o espectador para o espírito do filme e as emoções que vão ficando em jogo. As representações são consumadas sem reparos a fazer. A banda sonora, que ficou ao encargo de Yeong-wook Jo, é assente em música clássica, sendo inclusive usado uma música de Vivaldi. O bonito, mas triste tema principal, “Cries and Wispers”, fica no ouvido, encaixa na perfeição na esfera do filme e consegue transmitir a carga dramática e intensidade deste. As cores usadas, os cenários e planos de realização são de destacar. Existem várias cenas que marcam e que dificilmente se esquece. Sem dúvida que a cena em que a câmara vai acompanhando Oh Dae-su ao longo de um corredor, enquanto este trava uma luta desigual em número com um bando de rufias, é mais que memorável! Depois, claro, há outras cenas, sinais e outros pormenores que ficam. O martelo; a violenta cena em que se arrancam os dentes de uma das personagens acompanhada de parte de uma música de “As Quatro Estações” de Vivaldi; a imagem marcante que Woo-jin Lee tem sempre que aparece e do seu guarda-costas pessoal; a cena da barragem e a sua conexão com o início do filme; o desespero de Oh Dae-su já na recta final do filme; não sem esquecer também todas a cenas do cativeiro de Oh Dae-su … Como é evidente, só percebe quem tiver visto o filme, e a esses aconselha-se vivamente esta distinta peça de 7ª arte.
De referir ainda que está em curso um remake de produção norte-americana. Não faço ideia como sairá este filme, mas mesmo sendo bom, nunca se irá equiparar ao original. Esta mania dos americanos. Não podem ver nada com sucesso, têm de lhe deitar logo a mão…



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