Twisted City Lights

sábado, abril 21, 2007

Fama

Categoria: Opinião

Às vezes interrogo-me sobre as razões que levam uma pessoa a ser reconhecida e admirada por um enorme número de pessoas. A questão da fama com certeza que não é nenhum tema novo, nem um por discutir, mas o que li há uns dias fez-me voltar ao assunto. Para além disso, a questão da internet veio alterar muita coisa neste ponto, devido às novas oportunidades que a tecnologia nos proporciona.
Ao longo dos tempos, pessoas têm vindo a ser reconhecidas pelos mais diversos aspectos: feitos ou cargos importantes, reis e rainhas, mitos que perduraram, actos polémicos ou terríveis, casos de sucesso ou falhanço... São muitas as razões que levam as pessoas à fama. Com o advento da imprensa e dos media, um Mundo em processo de globalização viu o seu número de "famosos" a crescerem a cada dia. Jet-7, política, futebol, música, cinema... Áreas em que certas pessoas viram a sua personalidade projectada para quase todo o ser humano no planeta. Bem, na verdade aqueles a quem chamamos de famosos, não são assim tão famosos. Por vezes, apenas são reconhecidos no seu próprio país. Outros podem-no ser no estrangeiro. Mas na sua maioria, penso que não seriam reconhecidos nem por um quinto, nem por um décimo da população mundial, isto se tivéssemos a oportunidade de fazermos uma sondagem à escala global. No entanto, muitos destes famosos atingiram um estatuto tal, que me faz pensar que podem ser eles a nova nobreza da nossa civilização. Estratos sociais, há-de os haver sempre, temo.
Isto leva-nos a pensar no motivo porque tanta gente admira uma certa pessoa. Será que idolatramos estas pessoas pelas razões certas? O que faz uma pessoa de tão singular para merecer tanta atenção, despertar tanta paixão ou tanto ódio?

Já ouviu falar em Joshua Bell? Quer já ou não, ele é um dos mais reconhecidos violinistas do mundo. A sua fama, não é propriamente o que eu quero tratar aqui, mas sim da experiência que este realizou, em conjunto com o Washignton Post. Estação de L`Enfant Plaza, centro de Washington, 7h15. Um homem vestido de calças de ganga, t-shirt branca e com um boné de baseball, começa por tocar "Chaconne" de Johann Sebastian Bach. Mas este incógnito homem é nada mais nada menos que Joshua Bell, tocando no seu violino, um Stradivarius avaliado em 3,5 milhões de dólares! Três dias antes tinha actuado em Boston, onde os bilhetes chegavam aos 100 dólares. Agora, este homem era praticamente ignorado pelas pessoas que passavam. (Lêr aqui a reportagem completa).
Isto levanta várias questões. Claro que, foi apenas uma curiosa experiência, e as conclusões a tirar terão de ser ponderadas. Uma delas, poderá vir ao encontro do que estava a falar: estamos mesmo a adorar as pessoas pelas razões certas? A mim parece-me que não.

Ser famoso implica muito mais do que fazer algo bem. É mais uma conjugação de muitos outros factores que, todos juntos, fazem-me lembrar de um anúncio publicitário. Até pode ser o spot mais criativo de sempre, mas se não chamar a atenção, se não levar as pessoas a comprar o produto, de que vale? A fama é quase uma estratégia de marketing, muitas vezes não consciente ou, pelo contrário, cuidadosamente planeada.

Com a chegada da chamada internet 2.0, o utilizador (recentemente premiado como personalidade do ano pela revista Time) tem a sua chance para se projectar no mundo e ser famoso. O youtube e o myspace são dois dos sites que tornam isto possível. Agora, acrescentando ainda os blogues, qualquer um pode ser reconhecido por quer seja: pela sua música (gravada em casa, num concerto no café, ou seja lá onde for), pelos videos (do seu quarto, do seu dia-a-dia, da sua pequena produção), ou pelas suas histórias (opinião, poesia, humor...). Não importa. As pessoas finalmente parecem dar o seu ar de sinceridade e ligarem àquilo que realmente lhes interessa, por muito corriqueiro que seja. De que outra forma videos perfeitamente vulgares, de pessoas vulgares, teriam tanto sucesso?
De destacar, a titulo de exmplo, Kate Walsh de 23 anos que subiu rcentemente ao top britânico, exclusivamente pelo seu sucesso da sua pagina no myspace, e pela venda do seu single na internet. Kate gravou os seus temas no quarto de um amigo e conseguiu bater os singles de bandas como os Take That ou os Kaiser Chiefs!

Mesmo assim, mesmo nesse mundo virtual, o marketing da fama está presente, pois nem sempre os casos de sucesso são espontâneos. A criatividade e soluções de divulgação de cada conteúdo são em muitos casos essenciais para toranarem famosos. Trará a internet uma nova solução para tornar reconhecidos aqueles que realmente mercem, ou será apenas um outro meio de tornar famosos aquilo que assim está destinado para isso? Afinal, fama não é tudo. Aliás, todos sabemos os problemas associados a ela. Porque vendo bem as coisas, fama não é bem aquilo que a maioria das pessoas procuram. Portanto, deixemos os famosos continuarem a serem famosos, e procuremos aquilo que realmente nos interesse para a anossa concretização pessoal.

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