'If You Want to be Understood...Listen' (Babel)

BABEL (2006) Classificação: 8/10
Site Oficial
IMDb
Pode parecer cliché estar a fazer um post precisamente no dia dos Óscares, mas na realidade, desde que vi o filme, tinha já decidido escrevê-lo. No entanto, surge (in?)oportunamente enquadrado com a atribuição das mais famosas estatuetas douradas, uma vez que este é um dos filmes favoritos.
A origem do nome Babel deriva das apalavras acadianas Bab e ilu, que significam "portão" e "Deus", respectivamente. Mas a palavra toma um sentido muito mais específico, quando no livro do Gênesis, aparece mencionada a Torre de Babel, que teria sido mandada construir por descendentes de Noé, com o propósito de atingir os céus. Deus, irritado com esta atitude, fez com que todos os trabalhadores da torre começassem a falar línguas diferentes, de modo a não conseguirem entender-se entre si, acabando por abandonar a construção da torre. é assim que a Bíblia explica a origem dos diferentes idiomas no Mundo.
Com esta temática partimos para o filme Babel. Quatro histórias diferentes, vários idiomas, várias culturas. Nesta panóplia de cenários e enredos, o espectador começa a descobrir aos poucos a história, pois no final se descobre que afinal cada uma das histórias têm mais em comum do que se poderia pensar. O "velho" estilo filme-mosaico. Nada de novo, portanto, desde o filme Magnólia que o género tem vencido. Até o próprio realizador, Alejandro González Iñárrito, o tem usado várias vezes (recorde-se 21 Gramas). A carga dramática imposta é muito grande, e as coincidências que nos fazem pensar no destino ou até alguma entidade superior, são marca forte neste género de filmes. É por estas razões e talvez outras, que o filme foi tão mal aceite pela crítica.
Estranhamente (ou talvez não) o público (e eu) adorou! Talvez seja do gosto pelas pessoas por este drama semi-fatídico, ou pelo puzzle que têm de construir ao longo do filme. Eu gostei de filme pela exploração do tema dado pelo título. A forma como surgem as diversas personagens enquadradas ou desenquadrdas da sua própria cultura é feita de um modo cativante, inserido no jogo que é Babel. No entanto, não posso deixar de dizer que o primeiro desapontamento em relação a Babel, é precisamente a superficialidade com que se explora este tema. Mesmo partindo para o filme apenas com uma vaga ideia, à medida que este se desenrolava, esperava encontrar um interlaçar mais profundo entre as diversas linguas e as diversas culturas. O resultado final, é no entanto, satisfatório a meu vêr. A sociedade moderna japonesa, ou o interior sariano marroquinos (culturas e sítios que me fascinam) estão bastante bem caracterizados. Por outro lado, como muito boa gente, ainda não me cansei destes puzzles-filmes, e das "coincidências". Os cenários são também algo a destacar, especialmente quando os comparamos uns com os outros, de onde surgem os contrastes.
Com a diferença de opiniões entre críticos e público iniciou-se uma acesa discução entre as duas facções. Para não entrar nisso, pois trata-se de um campo que não está no âmbito deste post, resta dizer apenas que os críticos de cinema são no mínimo pessoas muito... estranhas.
Em conclusão, Babel é dos melhores filmes que tenho visto nos últimos tempos.



