Twisted City Lights

domingo, fevereiro 25, 2007

'If You Want to be Understood...Listen' (Babel)

Categoria: Cinema, Filmes



BABEL (2006) Classificação: 8/10
Site Oficial
IMDb


Pode parecer cliché estar a fazer um post precisamente no dia dos Óscares, mas na realidade, desde que vi o filme, tinha já decidido escrevê-lo. No entanto, surge (in?)oportunamente enquadrado com a atribuição das mais famosas estatuetas douradas, uma vez que este é um dos filmes favoritos.

A origem do nome Babel deriva das apalavras acadianas Bab e ilu, que significam "portão" e "Deus", respectivamente. Mas a palavra toma um sentido muito mais específico, quando no livro do Gênesis, aparece mencionada a Torre de Babel, que teria sido mandada construir por descendentes de Noé, com o propósito de atingir os céus. Deus, irritado com esta atitude, fez com que todos os trabalhadores da torre começassem a falar línguas diferentes, de modo a não conseguirem entender-se entre si, acabando por abandonar a construção da torre. é assim que a Bíblia explica a origem dos diferentes idiomas no Mundo.

Com esta temática partimos para o filme Babel. Quatro histórias diferentes, vários idiomas, várias culturas. Nesta panóplia de cenários e enredos, o espectador começa a descobrir aos poucos a história, pois no final se descobre que afinal cada uma das histórias têm mais em comum do que se poderia pensar. O "velho" estilo filme-mosaico. Nada de novo, portanto, desde o filme Magnólia que o género tem vencido. Até o próprio realizador, Alejandro González Iñárrito, o tem usado várias vezes (recorde-se 21 Gramas). A carga dramática imposta é muito grande, e as coincidências que nos fazem pensar no destino ou até alguma entidade superior, são marca forte neste género de filmes. É por estas razões e talvez outras, que o filme foi tão mal aceite pela crítica.

Estranhamente (ou talvez não) o público (e eu) adorou! Talvez seja do gosto pelas pessoas por este drama semi-fatídico, ou pelo puzzle que têm de construir ao longo do filme. Eu gostei de filme pela exploração do tema dado pelo título. A forma como surgem as diversas personagens enquadradas ou desenquadrdas da sua própria cultura é feita de um modo cativante, inserido no jogo que é Babel. No entanto, não posso deixar de dizer que o primeiro desapontamento em relação a Babel, é precisamente a superficialidade com que se explora este tema. Mesmo partindo para o filme apenas com uma vaga ideia, à medida que este se desenrolava, esperava encontrar um interlaçar mais profundo entre as diversas linguas e as diversas culturas. O resultado final, é no entanto, satisfatório a meu vêr. A sociedade moderna japonesa, ou o interior sariano marroquinos (culturas e sítios que me fascinam) estão bastante bem caracterizados. Por outro lado, como muito boa gente, ainda não me cansei destes puzzles-filmes, e das "coincidências". Os cenários são também algo a destacar, especialmente quando os comparamos uns com os outros, de onde surgem os contrastes.

Com a diferença de opiniões entre críticos e público iniciou-se uma acesa discução entre as duas facções. Para não entrar nisso, pois trata-se de um campo que não está no âmbito deste post, resta dizer apenas que os críticos de cinema são no mínimo pessoas muito... estranhas.

Em conclusão, Babel é dos melhores filmes que tenho visto nos últimos tempos.






Etiquetas: ,

quarta-feira, julho 05, 2006

E se o Capuchinho Vermelho comesse o Lobo Mau?

Categoria: Cinema, Filmes


HARD CANDY (2006) Classificação: 8/10
Site Oficial
IMDb

Desde os primeiros minutos do filme que o espectador se depara com um cenário com dotes minimalistas e subtis. Desde as falas complexas, aos cenários e promenores simbólicos, aos planos da câmara. De facto, todo filme tem practicamente apenas duas personagens, que se gladeiam entre si...
Mas afinal de que trata Hard Candy?
Uma rapariga de 14 anos, Hayley (interpretada por Ellen Paige) conhece pela net um fotógrafo, Jeff ( Patrick Wilson) de 32 anos. Marcam um encontro, e Jeff acaba por leva-la para casa. A insuspeita inocência de Hayley e a perspicácia suspeita de Jeff levam o espectador a pensar no pior e mais óbvio: a de que Jeff é um pedófilo. Mas quando tudo está a decorrer como previsto, a acção dá uma reviravolta, e os papeis invertem-se. Hayley torna-se caçadora e Jeff a presa, e todo o filme é passado na tentativa de apanhar um culpado, de demascarar um pedófilo...
O filme é todo ele tensão e complexidade, acompanhado de um visual estonteante. Hard Candy é um excelente thriller, muito incomodativo, no melhor sentido do termo. O realizador, David Glade, consegue tocar o espectador com esta história invulgar e bem desenhada, brincando com as expectativas deste. Como actualmente já pouco se faz, Glade aposta na imaginação do espectador e na permissa de que fazer de tudo e mostrar tudo para assutar não é de facto o melhor metodo. Tal como M. Shyamalan, Glade induz o medo e não o causa. Hard Candy é portanto um jogo sério que capta a atenção do espectador desde o início do filme, que o prolonga durante todo ele, e que termina de forma arrebatadora. E se há muitos pormenores Hard Candy que surgem como impossibilidades e incongruências, há que dizer que na globalidade o filme acab por sublimar esses mesmos defeitos. Um filme não para todos os gostos, mas que eu diria que de qualquer maneira, não será de perder!





Etiquetas: ,